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sábado, 1 de outubro de 2022

Diana Pequeno: Lua Branca

"Compondo incessantemente, e oferecendo periodicamente ao público músicas saborosíssimas de caráter brasileiríssimo, Chiquinha Gonzaga conservou em toda sua longa existência a faculdade inalterável de imprimir às suas melodias um som enfeitiçador que as levava sempre ao fundo da alma dos que as ouviam.

Por isso, cada nova música sua era um êxito seguro. Vale lembrar até como bom exemplo uma certa canção que apresentou numa revista de Luis Peixoto e Carlos Bittencourt chamada “Forrobodó”, e que foi a canção marcante de uma peça em que dezenas de outras músicas se destacavam de modo especial. Mas a que perdurou por anos e anos foi a “Lua Branca” de Chiquinha Gonzaga" (Fonte: Almirante em O Pessoal da Velha Guarda de 15/10/1947).

Lua branca (modinha, 1911) - Chiquinha Gonzaga - Interpretação: Diana Pequeno



(Am)------ E7------------------------ Am
Ó lua branca de fulgores e de encanto,
-----------A7--------------------------- Dm
Se é verdade que ao amor tu dás abrigo
-------------------------Dm6------- Am
vem tirar dos olhos meus, o pranto
---------------E7--------------------------- Am
Ai vem matar essa paixão que anda comigo,

------------------G7----------------------- C
Ai! Por quem és, desce do céu, ó lua branca
-------------A7------------------------------- Dm
Essa amargura do meu peito, ó vem e arranca
-----------------------Dm6------- Am
Dá-me o luar da tua compaixão
------------------E7--------------------- Am
Ó vem, por Deus, iluminar meu coração.

----------------E7----------------------- Am
E quantas vezes lá no céu me aparecias
----------A7-------------------------- Dm
A brilhar em noite calma e constelada,
---------------------Dm6------- Am
A sua luz então me surpreendia
-------------E7---------------------------- Am
Ajoelhado junto aos pés da minha amada

-------------G7----------------------- C
Ela a chorar, a soluçar, cheia de pejo
--------------------A7------------------------- Dm
Vinha em seus lábios me ofertar um doce beijo...
-----------------------Dm6------ Am
Ela partiu, me abandonou assim
------------E7---------------------------- (Am) (E7) (Am)
Ó lua branca, por quem és, tem dó de mim!...

Orlando Silva: Lágrimas

Cândido das Neves
Lágrimas (valsa, 1935) - Cândido das Neves (Índio)

Disco 78 rpm / Título da música: Lágrimas / Autoria: Neves, Cândido das, 1899-1934 (Compositor) / Orlando Silva (Intérprete) / Imprenta [S.l.]: Victor, 1935 / Nº Álbum 33975 / Gênero musical: Valsa


Em---- Am------ Em---- Am---- Em--- Em/G
Ai, deixa-me chorar para suavizar
--------------B7
O que não sei dizer, mas sei sentir
Am ---------Am6------------------- B7
Não prantear um amor que se perdeu

É a nossa alma enganar
-------------------Em----- B7---- Em --Am ----Em--- Am
E ao próprio coração querer mentir / Rir é quase iludir
---------------E7 ----------------Am
É querer forçar o próprio coração a gargalhar
-----------Am6------- Em----- Gb7 ---B7--- Em------ E7
Quando ele está solitário na dor / ---A soluçar de amor
Am--------------------------- Em------------------ Em/G-- B7
É mais sublime a lágrima / Que exprime as nossas emoções
------------------Em -------------B7
Amenizando a alma cheia de ilusões
Am --------Am6------------------- Em
Do que sorrir para esconder a mágoa
-------------------Gb7------ B7----- Em
Que o olhar não diz / Não há ninguém feliz
Am----------- Am6-------------- Em
Quero fazer das lágrimas que choro
----------------B7---------------- Em
Estrelas a brilhar / Rosas de cristal
Do pranto emocional
Am
Mas se ela voltar
-----------------Em ----------------Gb7
Fulgente diadema então lhe ofertarei
---------B7--------- Em
Do pranto que chorei
Em -----Am----------- Em ---Am----------------- Em
Sim, quem nunca chorou /------- Certo nunca amou
-----------------B7
Talvez nem alma tenha para sentir
Am------- Am6------- B7
Não me faz inveja este prazer
Eu gosto até de padecer
----------------------Em---------- B7
Chorar é a mágoa em pérolas diluir
Em -----Am----- Em --Am
Mas quem quiser amar
------------------E7
Certo há de chorar
--------------------Am
Há de sentir morrer o coração
------------Am6--- Em -------Gb7
Porque o amor sendo belo falaz / Como os ais
-------B7 ----Em--- Am--- E
Se desfaz em ilusão

Orlando Silva: Lábios Que Beijei

 Leonel Azevedo
É em 1937 que Orlando Silva se impõe como cantor, igualando-se aos maiores rivais. Para isso, concorre decisivamente sua gravação de "Lábios que Beijei", valsa de enorme sucesso num ano pródigo no gênero.

O disco que tinha na outra face o samba Um juramento falso, a composição jamais encontrou outro intérprete tão perfeito quanto Orlando, então com 22 anos. É tamanha sua integração na história-ação, que se poderia simbolicamente considerá-lo parceiro na autoria de Cascata e Azevedo. Aliás, essa dupla deve boa parte de seu êxito a que lançou várias de suas músicas.

O disco inicial de "Lábios que Beijei” com arranjo de Radamés Gnattali, destacando o naipe de cordas, movendo esse tipo de orquestração, que se tornaria a partir de então obrigatória na gravação do repertório romântico brasileiro.

Lábios que beijei (valsa, 1937) - J. Cascata e Leonel Azevedo

Disco 78 rpm / Título da música: Lábios que beijei / Autoria: Cascata, J, 1912-1961 (Compositor) / Azevedo, Leonel (Compositor) / Silva, Orlando (Intérprete) / Imprenta [S.l.]: Victor, 1937 / Nº Álbum 34157 / Lado B / Gênero musical: Valsa

D           G7          D               B7
Lábios que beijei   /      Mãos que afaguei
Em       A7      D      A7
Numa noite de luar, assim,
  D           E7            A                Gb7
O mar na solidão bramia  /   E o vento a soluçar, pedia
  Bm         E7          A7
Que fosses sincera para mim.

   D     G7        D                   B7
Nada tu ouviste    /     E logo que partiste
    Em          A7       D7
Para os braços de outro amor.
G         Ab0              D               B7
Eu fiquei chorando    /    Minha mágoa cantando
Em            A7        D      Gb7
Sou estátua perenal da dor.

 Bm          B7                  Em
Passo os dias soluçando com meu pinho
Gbm
Carpindo a minha dor, sozinho
Bm
Sem esperanças de vê-la jamais
           Bm6             Gbm
Deus tem compaixão deste infeliz
Db7
Porque sofrer assim
Em      Gb7
Compadei-vos dos meus ais.
Bm                        Em
Tua imagem permanece imaculada
Gb7                           Bm
Em minha retina cansada  /  De chorar por teu amor.
  Em                     Bm
Lábios que beijei   /   Mãos que afaguei
G7       Gb7               Bm
Volta! dá lenitivo  à minha dor.


Fonte: A Canção no Tempo - Vol. 1 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34.

Orlando Silva: Letras - Cifras - Músicas



Orlando Silva - Letras, cifras e gravações

































































































Veja também:


Orlando Silva: O Cantor das Multidões

Orlando Garcia da Silva, o grande Orlando Silva, uma das mais admiradas vozes da música brasileira em todos os tempos, nasceu no no dia 03 de outubro de 1915, na rua Augusta, 35, situada no Engenho de Dentro, Zona Norte do Rio de Janeiro. O nome dessa rua, mais tarde, passaria a ser General Clarindo. O pai se chamava José e a mãe, Balbina. Era uma família feliz, embora modesta.

Mas o pai morreu por ocasião do surto de gripe espanhola, por volta de 1918, e a situação se complicou para a jovem Balbina, então com apenas 21 anos e dois filhos pequenos para cuidar, sem ter pensão do marido - Orlando e Edmundo. Balbina casaria outra vez, agora com um funcionário da prefeitura do Rio.

Mas, de novo, a viuvez iria criar-lhe dificuldades por mais uma vez falta de pensão. Deste modo, Orlando e Edmundo, que por parte da mãe ganharam outros quatro irmãos, tiveram que assumir responsabilidades da manutenção do lar, enquanto Balbina lavava e passava roupa para fora.

Em 1932, com 17 anos de idade e trabalhando como entregador de encomendas na Casa Raunier, Orlando sofreu sério acidente ao tentar subir num bonde em movimento, por pouco não tendo perdido o pé esquerdo. Ficou com defeito, porém, e depois da alta, calçava sapato normal no pé direito e alpercata no esquerdo. O manquejar acabaria se transformando numa das desconfortáveis características de sua personalidade até ele morrer. Mas, se ao andar Orlando claudicava, cantando ele deixava a todos admirados por sua segurança e firmeza.

Em 1934, graças a uma série de encontros e felizes coincidências, de tudo isso participando o compositor Bororó e o "Rei da Voz", Chico Alves, Orlando Silva estreou em rádio. Na Cajuti, é verdade, uma emissora modesta, mas, para ajudar, ao lado do "Rei da Voz". Curioso é que, ao ser anunciado pelo locutor e criativo compositor Cristóvão de Alencar, este o apresentou como "Orlando Navarro", pretendendo prestar homenagem ao ator Ramón Navarro, na época de visita ao Rio de Janeiro. O futuro astro da música brasileira protestou na hora, indignado com a falta de cortesia do apresentador. E o embaraçoso incidente foi contornado pelo jornalista e compositor Orestes Barbosa, que, por acaso, estava ali no estúdio na hora.

Orlando ganhou cinquenta mil réis pela apresentação, na qual o acompanhante, consta, foi Hervé Cordovil, ao piano, e o programa onde Francisco Alves representava a principal atração, iria durar sete meses. O repertório do rapaz de 19 anos era constituído, evidentemente, de músicas dos outros, destacadamente de Sílvio Caldas, que, na oportunidade, já era famosíssimo com somente 26 anos de idade. Ainda no fim deste ano, Orlando Silva ganhou oportunidade para gravar seu primeiro disco comercial: "Ondas Curtas" de um lado e "Olha a baiana" do outro. O 78 rpm não fez sucesso, mas, em compensação, serviu para exibi-lo por execuções em rádio ao grande público.

A grande oportunidade surgiria, fonograficamente, em meados de 1935, quando o diretor americano da RCA Victor, Mr. Evans, após observá-lo durante alguns meses como corista de discos carnavalescos dos outros, decidiu confiar-lhe um registro público, com dois lados à escolha de Orlando. Surgiram, então, Lágrimas e A última estrofe, ambas de Cândido das Neves. Sua carreira, desde então, em gravações, foi uma das mais impressionantes da música brasileira. De início vertiginoso, com média ao menos de cinco grandes sucessos por ano, ele se manteve até 1942, como líder absoluto dos discos mais procurados do país, além dos mais executados dia-e-noite de rádio.

No fim da década de 40, com o mundo em reconstrução após a terrível guerra, Orlando Silva parecia superado, seja pelo estilo, seja pelo modo novo que aparecia, de cantar música popular. Esse modernismo chegava dos Estados Unidos, propagado pelo cinema, e o microfone ajudava consideravelmente as vozes pequenas e aveludadas. Seus seis ou sete anos iniciais de impressionante forma vocal, porém, faziam-no inesquecível.

Orlando Silva morreu em 7 de agosto de 1978, internado que havia sido, quatro dias antes, no Hospital "Grafeé Guinle", na Tijuca, Rio de Janeiro, Causa mortis: acidente cárdio-vascular esquêmico. Idade: 63 anos, incompletos. O enterro foi no cemitério São João Batista. Antes que o cortejo saísse, contudo, o cantor Roberto Silva entoou Lábios que beijei e Carinhoso diante do caixão, logo acompanhado com muita emoção por todos os presentes ao velório. Havia sido um dos últimos desejos revelados pelo cantor, e não foi esquecido.



Playlist - A Voz de Orlando Silva:








Fonte: Encarte do CD duplo "A Voz de Orlando Silva" - Marcus Pereira Discos.

Vicente Celestino: Gondoleiro do Amor

A paixão concreta e ardente pela atriz portuguesa Eugênia Câmara influenciou o poeta Castro Alves em sua visão poética do amor. Essa visão pode ser classificada não só como sentimental, mas também como sensual, entendida como uma poesia que apela aos sentidos (sensorial). É desse período o poema O Gondoleiro do Amor, em que a descrição da amada é carregada de uma sensualidade sem precedentes no Romantismo brasileiro.

Inspirado por Eugênia, Castro Alves escreveu seus mais belos poemas de esperança, euforia, desespero e saudade, como É Tarde. Pela primeira vez, a poesia é motivada pela paixão e pelo envolvimento amoroso, e a dor não se traduz em lamentos e queixas. Seu sentimentalismo amoroso é maduro, adulto e se realiza em sua plenitude carnal e emocional.

Gondoleiro do Amor (valsa-canção, 1866) - Castro Alves e Salvador Fábregas - Interpretação: Vicente Celestino



---D------------ A7----------- D------------ --A7--------- D D7
Teus olhos são negros, negros, como as noites sem luar...
--G-------- E7----------- A7------ D--------- A7-------- D D7
São ardentes, são profundos, como o negrume do mar...
---G-------- B7--------- Em ----------A7---------- D
Sobre o barco dos amores, da vida boiando à flor,
---G---------- E7 -------A7-------- D------- A7----- D
doiram teus olhos a fronte do Gondoleiro do amor...
----A7------------- D----------- A7------------- D
Tua voz é a cavatina dos palácios do Sorrento.

-----G-------- E7 ----------A7-------- D ------A7--------- D D7
Quando a praia beija a vaga, quando a vaga beija o vento.
-----G---------- B7------- Em ---------A7 -----------D D7
E como em noites de Itália, ama um canto o pescador
-----G --------E7 -------------A7 -------D------ A7----- D A7
Bebe a harmonia em teus cantos o Gondoleiro do Amor.

-----D----------- A7-------- D------ A7---- D---- A7---- D D7
Teu amor na treva é um astro, no silêncio, uma canção
G---- E7---------- A7------- D---- A7---- D D7
É brisa nas calmarias, é abrigo no tufão
-----G ----------B7----- Em---------- A7-------------- D D7
Por isso eu te amo, querida, quer no prazer, quer na dor.
-----G ----E7 -----A7------ D----------- A7----------- D
Rosa! Canto! Sombra! Estrela! Do Gondoleiro do Amor.

Carlos Galhardo: Fascinação

"Fascinação" é uma valsa popular que seduziu o mundo no século passado e foi gravada em diversos e distintos idiomas, originalmente composta por um italiano e um francês, faz cerca de 110 anos. Aquela que se tornou uma “canção do mundo” teve música composta em 1904, por Fermo Dante Marchetti e letra de Maurice de Féraudy, inserida no ano seguinte.

Em 1943, Armando Louzada traduziu a canção para o português, criando a versão interpretada por Carlos Galhardo, a mais clássica em português, registrada em impecável gravação feita com sua voz e orquestra naquele mesmo ano.

Somente mais de 30 anos depois surgiria outra versão clássica na língua portuguesa gravada por Elis Regina em seu álbum "Falso Brilhante" (1976), que popularizou a antiga canção para as últimas gerações no Brasil.

Ainda no Brasil, a música esteve presente na trilha das seguintes novelas da Rede Globo de Televisão, “O Casarão” (1976, com Elis Regina), “Fascinação” (1998, em duas gravações distintas: Carlos Galhardo e Nana Caymmi), “O Profeta” (2006, com Elis Regina) e em algumas produções do cinema nacional.

Fascinação (valsa, 1904) - Música: Fermo Dante Marchetti / Letra: Maurice de Féraudy / Versão: Armando Louzada.

Disco 78 rpm / Título: Fascinação / Autoria: Louzada, Armando (Compositor) / Marchetti, F. D (Compositor) / Carlos Galhardo, 1913-1985 (Intérprete) / Orquestra (Acompanhante) / Imprenta [S.l.]: Victor, 04/02/1943 / Álbum 800069 / Lançamento: Abril/1943 / Lado A / Gênero: Valsa

Tom: C  

(primeira parte)
         C                       B
Os sonhos mais lindos... sonhei...
   C/E             Ebº         Dm7     A7(#5)
De quimeras mil um castelo ergui...
   Dm                 Dm7         Dm7M    Dm6
E no teu olhar... tonto de emoção...
    Dm                   F           G#7     G7
Com sofreguidão, mil venturas... previ...

     C                      B
O teu corpo é luz, sedução...
   C/E             Ebº         Dm7     A7(#5)
Poema divino cheio de esplendor...
       F     Fm         Em          A7
Teu sorriso prende, inebria, entontece...
    F      G7      C
És fascinação, amor...

(declamado)
A sorrir, a cantar e a beijar... 
nossas bocas se uniam então ...
E os campos sorrindo viviam ... 
e nos vendo, as flores se abriam ...
Mas um destino mau certo dia chegou ... 
e, sem o teu, o meu coração secou ...

(segunda parte)
    C                        B
Hoje sombra sou... do que fui...
           C/E         Ebº        Dm7       A7(#5)
Minhas ilusões o destino levou...
Dm                 Dm7         Dm7M    Dm6
Nada mais existe... desde que partiste ...
Dm                  F             G#7      G7
E em meu coração só saudade... ficou ...

  C                    B
Vivo com o passado a sonhar...
C/E         Ebº    Dm7     A7(#5)
Vendo-te ainda em meu coração...
           F             Fm          Em        A7
Mas tudo promessas, quimeras, mentiras...
          F       G7   ( Ab  Fm  C )
Da tua fascinação...

Fonte: A música que fascinou o mundo.

Francisco Alves: Eu Sonhei Que Tu Estavas Tão Linda

O irreverente Lalá - Lamartine Babo, 1949, Coleção Jorge Murad, Acervo MIS.

Admirador da opereta, Lamartine Babo teria por certo se dedicado ao gênero se houvesse nascido na Europa no século XIX. Daí a presença, em sua obra, de composições como "Eu Sonhei Que Tu Estavas Tão Linda", que ele pretendia incluir numa opereta inacabada, intitulada "Viva o Amor". Compositor e letrista, como Lamartine, Francisco Matoso é o autor da bela melodia desta valsa.

Segundo Almirante, Matoso mostrou-a, ainda sem letra, a Lamartine, que se apaixonou pela canção. Convidado a concluí-la, modificou algumas notas, como era de seu feitio, e colocou uma letra tão adequada que a composição ficou parecendo ser de autoria de uma só pessoa. "Eu Sonhei Que Tu Estavas Tão Linda" foi lançada por Francisco Alves em outubro de 41. Na ocasião, Matoso se encontrava bastante enfermo (morreria em 14.12.41, aos 28 anos de idade), não chegando a conhecer o seu sucesso.

Eu sonhei que tu estavas tão linda - (valsa, 1941) - Lamartine Babo e Francisco Matoso

Disco 78 rpm / Título da música: Eu sonhei que tu estavas tão linda! / Autoria: Matoso, Francisco (Compositor) / Babo, Lamartine, 1904-1963 (Compositor) / Alves, Francisco (Intérprete) / Fon-Fon, 1908-1951 (Acompanhante) / Orquestra Odeon (Acomp.) / Imprenta [S.l.]: Odeon, 1941 / Nº Álbum 12051 / Gênero musical: Valsa


D    Em             A7         D7+ D#°
Eu sonhei que tu estavas tão linda
Em       A7      D7+
Numa festa de raro esplendor
F#m       C#7          F#m
Teu vestido de baile lembro ainda
A             E7        A   A7
Era branco, todo branco, meu amor
D                       D
A orquestra tocou uma valsa dolente
Tomei-te aos braços
B7
Fomos dançando
Em   B5+/7
Ambos silentes
Em        B5+/7        Em
E os pares que rodeavam entre nós
D
Diziam coisas
Ab7
Trocavam juras
D/F# D
A meia voz
        D
Violinos enchiam o ar de emoções
B7          Em
De mil desejos uma centena de corações
G            Gm
Pra despertar teu ciúme
F#m7            Bm
Tentei flertar alguém
Em        A7        F#m5-/7 B7
Mas tu não flertaste ninguém
Em            Gm
Olhavas só para mim
F#m7             Bm
Vitória de amor cantei
Em            A7          D
Mas foi tudo um sonho... acordei!

Fonte: A Canção no Tempo - Vol. 1 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34.

Carlos Gallhardo: E o Destino Desfolhou...

Mário Rossi
Mário Rossi teve mais de 160 composições gravadas por artistas como Carlos Galhardo, Nelson Gonçalves, Ângela Maria, Dalva de Oliveira, Vicente Celestino, Jorge Goulart, Orlando Silva, Marlene, Emilinha Borba, Aracy de Almeida entre outros, sendo que seu maior intérprete foi o cantor Gilberto Alves. O ano de 1936 foi marcante em sua vida com a publicação do livro “Poemas para ler e esquecer” e da sua primeira letra para a valsa “E o destino desfolhou”, de Gastão Lamounier, considerado na época, o Rei da Valsa.

O compositor Gastão Lamounier compôs inúmeras valsas sendo aclamado o Rei da Valsa. Paulista de nascimento não esquentou lugar em Sampa em decorrência da mudança da família para a Cidade Maravilhosa. Fez uma bela carreira como compositor e locutor em várias emissoras de rádio da época. Grandes intérpretes da MPB gravaram suas músicas, a exemplo de Jesy Barbosa, Silvio Caldas, Albenzio Perrone, Augusto Calheiros, Jacob do Bandolim, entre outros.

E o destino desfolhou (valsa, 1937) - Mário Rossi e Gastão Lamounier

Disco 78 rpm / Título da música: E o destino desfolhou / Autoria: Lamounier, Gastão, 1893-1984 (Compositor) / Rossi, Mário, 1911-1981 (Compositor) / Carlos Galhardo, 1913-1985 (Intérprete) / Orquestra Copacabana (Acompanhante) / Imprenta [S.l.]: Odeon, 1937 / Nº Álbum 11468 / Lado B / Gênero musical: Valsa


 Am
 O nosso amor traduzia
                   E7
 Felicidade e afeição
 Suprema glória que um dia
                     Am  F E7
 Tive ao alcance da mão
 Am                  A7
 Mas veio um dia o ciúme
                       Dm
 E o nosso amor se acabou, ou, ou
                        Am
 Deixando em tudo o perfume
        E7         Am
 Da saudade que ficou

       E7        Am
 Eu te vi, a chorar
          E7                  Am  A7
 Vi teu pranto em segredo correr
      Dm       Am         E7                Am
 E parti a cantar sem pensar que doía esquecer
        E7           Am
 Mas depois, veio a dor
        E7                     Am  A7
 Sofro tanto e essa valsa não diz
       Dm          Am
 Meu amor, de nós dois
         E7                    Am
 Eu não sei qual é o mais infeliz


 Os nossos olhos choraram
                    E7
 O nosso idílio morreu
 Os nossos lábios murcharam
                    Am   F E7
 Porque a renúncia doeu
 Am                      A7
 Desfeito o ninho, a saudade
                     Dm
 Humilde e quieta ficou, ou, ou
                    Am            E7         Am
 Mostrando a felicidade que o destino desfolhou

       E7        Am
 Eu te vi, a chorar
          E7                  Am  A7
 Vi teu pranto em segredo correr
      Dm       Am         E7                Am
 E parti a cantar sem pensar que doía esquecer
        E7           Am
 Mas depois, veio a dor
        E7                     Am  A7
 Sofro tanto e essa valsa não diz
       Dm          Am
 Meu amor, de nós dois
         E7                    Am
 Eu não sei qual é o mais infeliz.

Augusto Calheiros: Dúvida

Augusto Calheiros
Dúvida (valsa, 1946) - Luiz Gonzaga e Domingos Ramos

Disco 78 rpm / Título da música: Dúvida / Ramos, Domingos (Compositor) / Gonzaga, Luiz (Compositor) / Calheiros, Augusto, 1891-1956 (Intérprete) / Regional (Acomp.) / Imprenta [S.l.]: RCA Victor, 1946 / Nº Álbum: 800416 / Gênero musical: Valsa.



--------Dm--------- Dm/C -------E7 ------A7
Não sei porque razão tu tens ciúmes
--------Dm ----------A7 ---------------Dm------ A7
Não sei porque razão não crês em mim
--------Dm--------- Dm6----------- A
Se sabes que te quero e o meu amor é tão sincero
---------E7 ------------------A7
É demais duvidar tanto assim

Ai de mim


--------Dm ---------Dm/C ------E7----- A7
Não sei porque razão tanto ciúme
--------Dm ----------A7 ---------------Dm------ A7
Não sei porque razão não crês em mim
---------D---------------- A7
Bem vês que vivo escravizado e preso
---------------D------ Gb7
Ao teu encanto
----------Bm
Não deves duvidar
------Gb7 -------------------Bm----- B7
Assim de quem te adora tanto
----------Em -------------A7
Não deves duvidar de mim
------D---------------- B7
Porque não tens razão
-----Em------------------ A7
Assim, torturas sem querer
---------------D
meu coração

Nelson Gonçalves: Dorme Que Eu Velo Por Ti

Nelson Gonçalves - Década de 1940

Dorme que eu velo por ti (valsa, 1942) - Roberto Martins e Mário Rossi

Disco 78 rpm / Título da música: Dorme que eu velo por ti / Autoria: Rossi, Mário, 1911-1981 (Compositor) / Martins, Roberto (Compositor) / Nelson Gonçalves, 1919-1998 (Intérprete) / Orquestra (Acompanhante) / Imprenta [S.l.]: Victor, 13/01/1942 / Nº Álbum 34879 / Lado B / Lançamento Março/1942 / Gênero: Valsa



A-------------- ------- A--------
Nos sonhos meus eu criei a canção
-------------A -------Gb7------- Bm----- Gb7
De um amor que perdi sem razão
-----Bm--------- E7
A flor que nasceu
-----A-------- Gbm
Floriu e morreu
--------B7
No triste jardim
-------Bm------- E7
Do meu coração


-----A ---------------- A------ E5+
Dorme que eu velo por ti
----------A --------Gb7---- Bm -----Gb7
Sob o véu muito azul do céu
------Bm -----------------E7
Sonha que eu quero beijar
------------E5+--- A-------- E7
O luar do teu olhar

------A--------------- A
Dorme que eu velo por ti
-------A7----------- D
A sofrer sem rancor
----------Dm----------------- Gb7
E morrerei, se ela ao meu sonho
------Bm----------- E7-------- A ---F--- A
Pedindo um pouquinho de amor, amor

Augusto Calheiros: Célia

Augusto Calheiros
Célia (valsa, 1945) - José Rodrigues de Resende e Augusto Calheiros

Disco 78 rpm / Título da música: Célia / Augusto Calheiros (Compositor) / José Rodrigues de Resende (Compositor) / Augusto Calheiros (Intérprete) / Gravadora: Victor / Ano: 1945 / Álbum: 80-0292 / Lado B / Gênero musical: Valsa.



A--------- E7----------- A----- E7
Andei tristonho e solitário
------------------------A
Subindo o meu calvário
------------------Gb7--------------- Bm------ Gb7
Carregando a cruz pesada desta vida
------Bm-------------- E7
Chorei com resignação
Cumprindo esta missão
----------------------------------------------- A ------E7
Confesso ao meu Jesus / Com lágrimas doridas
------A ------E7----------- A----- E7
Cheguei no fim desta jornada
------------------A
Penosa e demorada com minha alma
------A7 -----------D
Triste, transtornada desde então
--------F
Covarde eu fui
------------A -----------Gb7--------- Bm
Eu desprezei a santa cruz do meu altar
---------E7 ---------------A
Foi grande a minha ilusão
----Db7---------------- Gbm
Célia por você abandonei
----------------Gb7
No vale doloroso minha santa cruz
------------Bm
Indo acabar o meu sofrer
----------Bm6 ---Gbm------------------ Ab7
E vejo que idealizei / Em seu olhar faustoso
------------------------(Db7)
Deslumbrante que seduz / E alegra o meu viver
-------Db7 ----------------Gbm
Embora eu veja com tristeza
o nosso amor morrer
----------Gb7
E num mar de incerteza
-----------Bm
Minha vida perecer
----------------Bm6---------- Gbm
Peço-lhe amenizar a minha dor
------------------------D7
Sou tristonho e sofredor
------------------Db7-------------- Gbm
Vem querida Célia, meu grande amor

Orlando Silva: Caprichos do Destino

Orlando Silva
Caprichos do destino (valsa, 1938) - Pedro Caetano e Claudionor Cruz

Disco 78 rpm / Título da música: Caprichos do destino / Autoria: Cruz, Claudionor (Compositor) / Caetano, Pedro (Compositor) / Orlando Silva (Intérprete) / Orquestra Victor Brasileira (Acompanhante) / Imprenta [S.l.]: Victor, 30/07/1937 / Nº Álbum 34805 / Lado A / Lançamento: Março/1938 / Gênero musical: Valsa


Am -----------Dm------------ E7------------------- Am
Se Deus um dia olhasse a terra e visse o meu estado
-----------------------E7------------------------- Am------ E7
Na certa compreenderia o meu trilhar desesperado
Am -------Dm----------- E7 -----------------Am
E tendo Ele em suas mãos o leme dos destinos
-------------------------Em------- B7------- Dm----- E7
Não deixar-me-ia assim / A cometer desatinos
--------Dm -----------E7-------------- Am

É doloroso mas infelizmente é a verdade
-------------------------E7------------------------ A7
Eu não devia nem sequer / Pensar numa felicidade que não posso ter
---------Dm -------------------------------Am
Mas sinto uma revolta dentro do meu peito
-------------------------------B7 ----E7 -------Am----- E7
É muito triste não se ter direito / Nem de viver
----A --------------------Gb7-------------- Bm
Jamais consegui um sonho ver concretizado
--------------------------E7-------------- Eb°----- A
Por mais modesto e banal, sempre me foi negado
(E) -----A----------------- Gbm -----(B7) -----E -----Db7
---Assim meu Deus francamente devo desistir
-----------------------------Gb7---- B7------------------- E7
Contra os caprichos da sorte ----/---- E não devo insistir
-----(E)----- A--------- Gb7 --------------------B7
Eu quero fugir ao suplício a que estou condenado
--------E7 ---------------------------Eb° -----A
Eu quero deixar esta vida onde fui derrotado
A7
Sou um covarde bem sei
--------------------D ----------------Eb°
Que o direito é levar a cruz até o fim
--------------A-------- (Gb7-- Bm- (E7)- A
Mas não posso é pesada demais para mim.

Evinha: Cantiga Por Luciana

A dupla Edmundo Souto e Paulinho Tapajós ganhou o primeiro lugar no IV Festival Internacional da Canção com a doce “Cantiga por Luciana”, superando a colocação de “Andança”, que fizeram (com Danilo Caymmi) para o FIC de 1968.

Paulinho Tapajós
Embora sem a força do sucesso anterior (lembra um pouco o adágio da toada “Cinderela”, de Adelino Moreira), a composição encanta pela singeleza do tema, que lhe dá um clima de canção infantil: “Luciana, Luciana / sorriso de menina dos olhos de mar / Luciana, Luciana / abrace esta cantiga por onde passar.”

Esse clima é realçado pela interpretação da cantora Eva (Eva Correia José Maria), que a gravou e defendeu no festival. Integrante do Trio Esperança, Evinha iniciou uma bem-sucedida carreira solo a partir dessa gravação.

Cantiga por Luciana (valsa, 1969) - Edmundo Souto e Paulinho Tapajós - Interpretação: Evinha.

LP IV Festival Internacional Da Canção / Título da música: Cantiga por Luciana / Edmundo Souto (Compositor) / Paulinho Tapajós (Compositor) / Evinha (Intérprete) / Gravadora: Odeon / Ano: 1969 / Álbum: MOFB 3599 / Lado A / Faixa 1 / Gênero musical: Valsa.

Dm   Bb5-/D Dm                   Dm/C
Ma...nhã       no peito de um cantor
Bb7+        E7/B A7  A/G
Cansado de esperar  só  
              Dm/F         Dm
Foi tanto tempo que nem sei
                  Em7/5-   A7/5+  Dm
Das tardes tão vazias por onde andei

     Em7/5- A7     Dm   Dm/C
Luciana,      Luciana
              Bb7+
Sorriso de menina
     A7       Dm   Dm/C
Nos olhos de mar
    Em7/5- A7     Dm   Dm/C
Luciana,      Luciana
                Gm/Bb
Abrace essa cantiga
    A7      Dm
Por onde passar

Dm    Bb5-/D Dm                    Dm/C
Nas...ceu       na paz de um beijo-flor
Bb7+             E7/B A7  A/G
Um verso em voz de amor  já
                   Dm/F      Dm
Despontam os olhos da manhã
                Em7/5-    A7/5+      Dm
Pedaços de uma vida que abriu-se em flor

    Em7/5-
Luciana...


Fonte: A Canção no Tempo - Vol. 1 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34.