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segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Caetano Veloso: Tropicália

Classificado pelo concretista Augusto de Campos como “oswaldiano, antropofágico, desmistificador”, o primeiro elepê solo de Caetano Veloso, lançado em 1968, o credencia como um dos poetas-compositores mais imaginativos de sua geração. Neste disco polêmico e experimentador, o destaque maior pertence à canção “Tropicália”.

Dividida em cinco partes de melodias primárias e iguais, cada uma terminando com um surpreendente par de “vivas”, a composição oferece uma visão crítica e sintetizada da realidade brasileira, contrapondo valores dessa realidade, numa colagem de símbolos, imagens e citações — “Eu organizo o movimento / eu oriento o carnaval / eu inauguro o monumento / no Planalto Central do país / viva a bossa-sasa / viva a palhoça-ça-ça-ça-ça...”

O próprio título “Tropicália”, cuja origem foi longamente comentada por Caetano, no livro Verdade tropical e que acabaria denominando o movimento poético-musical que marcou aquele final de década, só seria adotado por insistência do produtor Manoel Barenbein, desprezando-se a opção “Mistura Fina”, considerada boa pelo compositor. Júlio Medaglia é o autor do excelente arranjo de “Tropicália” (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Tropicália (1968) - Caetano Veloso - Intérprete: Caetano Veloso

LP Caetano Veloso / Título da música: Tropicália / Caetano Veloso (Compositor) / Caetano Veloso (Intérprete) / Gravadora: Philips / Ano: 1968 / Nº Álbum: R 765.-26 L / Lado A / Faixa 1 / Gênero musical: MPB.


"Quando Pero Vaz Caminha
Descobriu que as terras brasileiras
Eram férteis e verdejantes
Escreveu uma carta ao rei
Tudo que nela se planta
Tudo cresce e floresce
E o Gauss da época gravou"

C#m          F#         C#m
Sobre a cabeça os aviões
            F#          C#m
Sob os meus pés, os caminhões
       F#             C#m             B
Aponta contra os chapadões, meu nariz
E         D          E
Eu organizo o movimento
      D           E
Eu oriento o carnaval
       D
Eu inauguro o monumento
      E            D     E
No planalto central do país
          D       E
Viva a bossa, sa, sa
                D           E
Viva a palhoça, ça, ça, ça, ça
          D       E
Viva a bossa, sa, sa
                E   C#m   B   E
Viva a palhoça, ça, ça,   ça, ça

C#m      F#                        C#m
O monumento é de papel crepom e prata
         F#          C#m
Os olhos verdes da mulata
      F#                           C#m
A cabeleira esconde atrás da verde mata
    F#       C#m   B
O luar do sertão
E     D             E
O monumento não tem porta
            D
A entrada é uma rua antiga,
           E
Estreita e torta
       D                       E
E no joelho uma criança feia e morta,
          D     E
Estende a mão
         D       E
Viva a mata, ta, ta
               D           E
Viva a mulata, ta, ta, ta, ta
         D       E
Viva a mata, ta, ta
                   C#m   B   E   C#m
Viva a mulata, ta, ta,   ta, ta

C#m7          F#7             C#m7
No pátio interno há uma piscina
          F#7         C#m7
Com água azul de Amaralina
          F#7                C#m7
Coqueiro, brisa e fala nordestina
         B   E
E faróis
         D               E
Na mão direita tem uma roseira
       D                   E
Autenticando a eterna primavera
        D
E no jardim os urubus passeiam
          E             D     E
A tarde inteira entre os girassóis
         D      E
Viva Maria, ia, ia
              D           E
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia
         D      E
Viva Maria, ia, ia
                  C#m   B   E
Viva a Bahia, ia, ia,   ia, ia

C#m7          F#7           C#m7
No pulso esquerdo o bang-bang
        F#7                     C#m7
Em suas veias corre muito pouco sangue
            F#7
Mas seu coração
                   C#m7    B    E
Balança a um samba de tamborim
       D           E
Emite acordes dissonantes
            D          E
Pelos cinco mil alto-falantes
             D
Senhoras e senhores
                 E             D     E
Ele põe os olhos grandes sobre mim
          D       E
Viva Iracema, ma, ma
              D           E
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma
          D       E
Viva Iracema, ma, ma
                  C#m   B   E
Viva Ipanema, ma, ma,   ma, ma

C#m7       F#7         C#m7
Domingo é o fino-da-bossa
        F#7           C#m7
Segunda-feira está na fossa
      F#7         C#m7    B    E
Terça-feira vai à roça, porém
      D             E
O monumento é bem moderno
          D                     E
Não disse nada do modelo do meu terno
         D             E          D    E
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem
          D       E
Viva a banda, da, da
                D           E
Carmem Miranda, da, da, da, da
          D       E
Viva a banda, da, da
                    C#m   B   E
Carmem Miranda, da, da,   da, da

Caetano Veloso: Terra

Quando na prisão Caetano recebeu de sua então mulher Dedé a revista Manchete com as primeiras fotografias da Terra, tiradas de grande distância, foi tomado de forte emoção, ao mesmo tempo em que refletia sobre a ironia de sua situação, conforme registrou no livro Verdade tropical: “Preso numa cela mínima, admirava as imagens do planeta inteiro, visto do amplo espaço.”

A força daquela impressão determinaria, quase dez anos depois, a feitura de uma canção cuja letra começa referindo-se ao fato (“Quando eu me encontrava preso”) seguindo-se divagações poéticas sobre a Terra, intercaladas pelo refrão (“Terra, Terra/ por mais distante/o errante navegante / quem jamais te esqueceria”) várias vezes repetido.

Os versos finais da composição são cantados sobre uma melodia que, embora diferente, reproduz uma divisão muito próxima à do final da segunda parte de “Você Já Foi à Bahia”, de Dorival Caymmi: “... tudo, tudo na Bahia / faz a gente querer bem / a Bahia tem um jeito...” Neste ponto Caymmi arremata: “que nenhuma terra tem”, com a palavra “tem” sobre a tônica, enquanto Caetano retoma o refrão “terra, terra...” Tranquila faixa de abertura do citado álbum, “Terra” é uma das melhores canções de Caetano no final dos anos setenta (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Terra (1978) - Caetano Veloso - Intérprete: Caetano Veloso

LP Muito - Dentro Da Estrela Azulada / Título da música: Terra / Caetano Veloso (Compositor) / Caetano Veloso (Intérprete) / Gravadora: Philips / Ano: 1978 / Nº Álbum: 6349 382 / Lado A / Faixa 1 / Gênero musical: Canção / MPB.


Intro:G  G/B

( G  G/B )
Quando eu me encontrava preso, na cela de uma cadeia
Foi que eu vi pela primeira vez, as tais fotografias
Em que apareces inteira, porém lá não estava nua
                   C C/G C C/G
E sim coberta de nuvens
G/B  G  G/B  G  Am
Terra,          terra,
Em                     Dm
Por mais distante o errante navegante
        F              C
Quem jamais te esqueceria
( G  G/B )
Ninguém supõe a morena, dentro da estrela azulada
Na vertigem do cinema, mando um abraço pra ti
Pequenina como se eu fosse o saudoso poeta
               C C/G C C/G
E fosses a Paraíba
G/B  G  G/B  G  Am
Terra,          terra,
Em                     Dm
Por mais distânte o errante navegante
         F             C
Quem jamais te esqueceria
( G )
Eu estou apaixonado, por uma menina terra
Signo de elemneto terra, do mar se diz terra à vista
Terra para o pé firmeza, terra para a mão carícia
                        C C/G C C/G
Outros astros lhe são guia
G/B  G  G/B  G  Am
Terra,          terra,
Em                     Dm
Por mais distânte o errante navegante
        F              C
Quem jamais te esqueceria
Eu sou um leão de fogo, sem ti me consumiria
A mim mesmo eternamente,e de nada valeria
Acontecer de eu ser gente e gente ser outra alegria
                    C C/G C C/G
Diferente das estrelas
G/B  G  G/B  G  Am
Terra,          terra,
Em                     Dm
Por mais distânte o errante navegante
        F              C
Quem jamais te esqueceria
( G )
De onde nem tempo e nem espaço, que a força mande coragem
Pra gente te dar carinho, durante toda a viagem
Que realizas do nada,através do qual carregas
                C C/G C C/G
O nome da tua carne
G/B  G  G/B  G  Am                    |
Terra,          terra,                |
Em                     Dm             | 3 vezes
Por mais distânte o errante navegante |
        F              C              |
Quem jamais te esqueceria             |
Na sacadas do sobrado, na velha são salvador
A lembranças de doselas, do tempo do Imperador
Tudo, tudo na Bahia faz a gente querer bem
                 C C/G C C/G
A Bahia tem um jeito
G/B  G  G/B  G  Am
Terra,          terra,
Em                     Dm
Por mais distânte o errante navegante
        F              C
Quem jamais te esqueceria

Caetano Veloso: Soy Loco Por Ti, América

Numa reunião no Hotel Danúbio, em São Paulo, o produtor Manoel Barenbein e o arranjador Júlio Medaglia discutiam com Caetano Veloso a ordem de localização das músicas de seu primeiro elepê, praticamente concluído, quando ouviram no rádio a notícia da morte de Ernesto Che Guevara. Imediatamente, Caetano ligou para Capinan e pediu uma letra sobre o assunto. Horas depois estava pronta “Soy Loco por Ti América”, com melodia de Gilberto Gil.

Esta canção-homenagem ao revolucionário Che é um baião, enxertado de ritmos latino-americanos, com letra no mais castiço portunhol, onde palmeiras tropicais se misturam a trincheiras “del hombre muerto”: “Soy loco por ti America / soy loco por ti de amores / estou aqui de passagem / sei que adiante / um dia vou morrer / de susto, de bala ou vício.”

Capinan
O arranjo rumbado e o piano percussivo remetem a uma ambientação sonora — estilo latin America — dos filmes de Carmen Miranda, um dos símbolos do tropicalismo, disfarçando com perspicácia a referência a Guevara e, por extensão, à revolução cubana. Assim, incluída no disco à última hora, “Soy Loco por Ti América” salientou-se, sobretudo, pelo contraste com as demais faixas, apesar de sua melodia trivial.

Foi, de certa forma, o primeiro sinal de futuras incursões realizadas por Caetano no universo da música hispano-americana, cultivada em discos e shows e acumulando um considerável repertório do gênero (Fonte: A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Soy Loco Por Ti, América (1968) - Gilberto Gil e Capinan - Intérprete: Caetano Veloso

LP Caetano Veloso / Título da música: Soy Loco Por Ti, América / Gilberto Gil (Compositor) / Capinan (Compositor) / Caetano Veloso (Intérprete) / Gravadora: Philips / Ano: 1968 / Nº Álbum: R 765.026 L / Lado B / Faixa 4 / Gênero musical: Rumba / Tropicalismo / MPB.


Tom: G
Introdução: D G D A (4x) Em Gm D

                   G/A                    D
Soy loco por ti, america yo voy traer una mujer playera
                   G/A                       D
Que su nombre sea marti, que su nombre sea marti
                     G/A                D
Soy loco por ti de amores tengo como colores la espuma
                G/A                         D
Blanca de latinoamerica y el cielo como bandeira
       Em  Gm      D
Y el cielo como bandeira
                    G/A                       D
Soy loco por ti, america soy loco por ti de amores
                   G/A                      D
Sorriso de quase nuvem, os rios cancoes, o medo
                    G/A                       D
O corpo cheio de estrelas o corpo cheio de estrelas
                  G/A                  D
Como se chama a amante desse pais sem nome

Esse tango, esse rancho
             G/A                        D
Esse povo dizei-me, arde o fogo de conhece-la
   Em  Gm      D
O fogo de conhece-la
                   G/A                        D
Soy loco por ti america soy loco por ti de amores

Solo: Bm Am Dm Cm Bm Am Cm D

                       G/A
El nombre del hombre muerto ya no se puede
   D
Decirlo, quien sabe
                     G/A                        D
Antes que o dia arrebente, antes que o dia arrebente
                       G/A
El nombre del hombre muerto
                   D                              G/A
Antes que a definitiva noite se espalhe em latinoamerica
                          D         Em        Gm        D
El nombre del hombre es pueblo,el nombre del hombre es pueblo
                  G/A                         D
Soy loco por ti america soy loco por ti de amores
                        G/A                        D
Espero que amanha que cante el nombre del hombre muerto
                    G/A
Nao seja palavras tristes
                      D
Soy loco por ti de amores
                 G/A                           D
Um poema ainda existe com palmeiras, com trincheiras
                             G/A
Cancoes de guerra quem sabe cancoes do mar, ai,
 F#m  Em     D       Em   Gm    D
Hasta te comover, ai hasta te comover
                   G/A                        D
Soy loco por ti america soy loco por ti de amores
                 G/A                            D
Estou aqui de passagem, sei que adiante um dia vou morrer
                    G/A                        D
De susto, de bala vicio, de susto, de bala ou vicio
                   G/A                    Bm
Num precipicio de luzes entre saudade, solucos,
           B7
Eu vou morrer de brucos
      Em                    A              D
Nos bracos, nos olhos, nos bracos de uma mulher
      Em      Gm     D
Nos bracos de uma mulher
                 G/A   Bb                    Bm
Mais apaixonado ainda dentro dos bracos da camponesa
       B7       Em                    A
Guerrilheira manequim, ai de mim, nos bracos
             D         Em   Gm           D
De quem me queira nos bracos de quem me queira
                  G/A                        D
Soy loco por ti america soy loco por ti de amores

Letra:

Soy loco por ti, América, yo voy traer una mujer playera
Que su nombre sea Marti, que su nombre sea Marti
Soy loco por ti de amores tenga como colores
la espuma blanca de Latinoamérica
Y el cielo como bandera, y el cielo como bandera
Soy loco por ti, América, soy loco por ti de amores

Sorriso de quase nuvem, os rios, canções, o medo
O corpo cheio de estrelas, o corpo cheio de estrelas
Como se chama a amante desse país sem nome, esse tango, esse rancho,
Esse povo, dizei-me, arde o fogo de conhecê-la, o fogo de conhecê-la
Soy loco por ti, América, soy loco por ti de amores

El nombre del hombre muerto ya no se puede decirlo, quién sabe?
Antes que o dia arrebente, antes que o dia arrebente
El nombre del hombre muerto antes que a definitiva noite
se espalhe em Latinoamérica
El nombre del hombre es pueblo, el nombre del hombre es pueblo
Soy loco por ti, América, soy loco por ti de amores

Espero a manhã que cante, el nombre del hombre muerto
Não sejam palavras tristes, soy loco por ti de amores
Um poema ainda existe com palmeiras, com trincheiras, canções de guerra
Quem sabe canções do mar, ai, hasta te comover, ai, hasta te comover
Soy loco por ti, América, soy loco por ti de amores

Estou aqui de passagem, sei que adiante um dia vou morrer
De susto, de bala ou vício, de susto, de bala ou vício
Num precipício de luzes entre saudades, soluços, eu vou morrer de bruços
Nos braços, nos olhos, nos braços de uma mulher, nos braços de uma mulher
Mais apaixonado ainda dentro dos braços da camponesa, guerrilheira
Manequim, ai de mim, nos braços de quem me queira,
nos braços de quem me queira
Soy loco por ti, América, soy loco por ti de amores

Peninha: Sonhos

Inspirado num episódio vivido por Peninha, “Sonhos” foi composto ao violão, quase de sopetão — “como um tijolo”, conforme suas palavras —, durante uma madrugada. Formam a melodia sequências de uma frase musical que tem como base duas notas, na primeira parte, e um movimento descendente, na segunda.

Sobre esta singela melodia foram distribuídos versos assimétricos, que descrevem o momento em que a namorada do autor, que ele julgava ser o seu grande amor, confessa-lhe sua paixão inesperada por outra pessoa — “Quando a canção se fez mais forte, mais sentida / (...) / você veio me falar dessa paixão inesperada / por outra pessoa...”

Então, em vez de revoltar-se, o poeta adota uma atitude de renúncia e esperança, que culmina em um segundo sonho: “Mas não tem revolta, não / eu só quero que você se encontre / saudade até que é bom / (...) / tenho um sonho em minhas mãos / amanhã será um novo dia / certamente eu vou ser mais feliz.”

Na época, Peninha temia a possibilidade de ser dispensado da PolyGram, que sofrera uma mudança na diretoria. Porém, quando o novo produtor, Roberto Livi, ouviu “Sonhos” gostou de saída, propondo a gravação na semana seguinte do que seria o segundo compacto de Peninha. Foram necessários alguns meses para que a música se convertesse numa das mais executadas nas rádios, acreditando o cantor bem mais no êxito de “Um Grito Parado no Ar”, gravado no outro lado do disco.

“Sonhos”, todavia, foi deslanchando aos poucos e, ao ultrapassar a marca de 400 mil cópias vendidas, entrou na trilha da telenovela “Sem Lenço Nem Documento”, deixando um rastro de sucesso tão marcante, que só muito tempo depois Peninha conseguiria se livrar da pecha de “cantor de uma música só”. Contribuiu para elevar o prestígio de “Sonhos”, principalmente junto ao público mais exigente, sua gravação por Caetano Veloso no álbum Cores e nomes, em 1982, figurando ainda a canção em discos de Wando, Paulinho Moska e, no exterior, a espanhola Soledad Bravo e a italiana Mina.

O paulista Peninha, cujo nome é Aroldo Alves Sobrinho, tendo ganho o apelido de um amigo de juventude, também gravou “Sonhos” em castelhano, versão que permaneceu vários meses no hit parade argentino (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Sonhos (1977) - Peninha - Interpretação: Peninha

LP Sonhos / Título da música: Sonhos / Peninha (Compositor) / Peninha (Intérprete) / Gravadora: Polydor / Ano: 1977 / Nº Álbum: 2451 108 / Lado A / Faixa 4 / Gênero musical: Canção.


(intro) C4/9*  Cm7  C4/9*  Cm7  Ab6  G7/5+  G7
Cm7
Tudo era apenas uma brincadeira
                       Dm5-/7             G7
E foi crescendo   crescendo  me absorvendo
        C7               C7/9-         Fm7     Dm5-/7
E de repente  eu me vi assim completamente seu
                   G7                 Cm7
Vi a minha força amarrada no seu passo
                          Cm7/Bb               Ab6
Vi que sem você não há caminho  eu não me acho
                                                    G7
Vi um grande amor gritar dentro de mim como eu sonhei um dia

Cm7
Quando o meu mundo era mais mundo
              Dm5-/7 G7
E todo mundo admitia

Uma mudança muito estranha
C7                               C7/9-              Fm7
Mais pureza  mais carinho  mais calma  mais alegria
                       Dm5-/7
No meu jeito de me dar
                   G7/5+           G7       Cm7
Quando a canção se fez mais clara e mais sentida
                       Cm7/Bb      Ab6
Quando a poesia realmente fez folia em minha vida
                            G7
Você veio me falar dessa paixão inesperada
Por outra pessoa

(refrão)
Cm7
Mas não tem revolta não
                           Dm5-/7
Eu só quero que você se encontre
                   G7
Saudade até que é bom
                         C7
É melhor que caminhar vazio
           C7/9-
A esperaça é um dom
                Fm7               Dm5-/7
Que eu tenho em mim  eu tenho sim
                   Ab6
Não tem desespero não
      G7                Cm7
Você me ensinou milhões de coisas

Tenho um sonho em minhas mãos
            Dm5-/7
Amanhã será um novo dia
      G7/5+       G7         Cm7
Certamente eu vou ser mais feliz