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segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Nuno Roland e Trio Melodia: Lancha Nova

Lancha Nova (marcha / carnaval) (1949) - João de Barro e Antônio Almeida - Interpretação: Nuno Roland e Trio Melodia

Disco 78 rpm / Título: Lancha Nova / Autoria: Almeida, Antônio (Compositor) / João de Barro, 1907-2006 (Compositor) / Nuno Roland, 1913-1975 (Intérprete) / Trio Melodia (Intérprete) / Orquestra Continental (Acompanhante) / Imprenta [S.l.]: Continental, 1949 / Álbum 16132 / Lado A / Gênero musical: Marcha / Carnaval.


    Dm 
Ô! Ô! Ô! Ô! 
       A7           Dm 
Lancha nova no cais apitou 
               Bb7 
E a danada da saudade 
       A7        Dm 
No meu peito já chegou 
          C7      Dm 
Adeus oh! Linda morena 
     Bb7    A7     Dm 
Não chores mais por favor 
           C7        F 
Partindo eu morro de pena 
  E7                A7 
Ficando eu morro de amor. 

Orlando Silva: A Jardineira

Benedito Lacerda
Quando "A Jardineira" despontou como uma das favoritas para o carnaval de 39, apareceram na imprensa reportagens contestando a autoria de Benedito Lacerda e Humberto Porto. Na verdade, "A Jardineira" é um antigo tema popular, originário da Bahia, que os dois adaptaram para lançar como marchinha. Segundo o jornalista Jota Efegê (em artigo publicado em O Jornal, em 23.01.66) foi o legendário Hilário Jovino Ferreira quem introduziu "A Jardineira" no carnaval carioca, através do rancho homônimo, em 1899. Jovino aprendera a música com os ternos de reis que desfilavam na Bahia.

Com o fato corrobora uma declaração do baiano Humberto Porto, que afirmara ter recolhido o refrão original na localidade de Mar Grande (BA) em dezembro de 37. Porto incluiria, ainda, nas primeiras edições da partitura, uma breve nota poética que aludia a uma certa "jardineira triste" que desfilava nos "ternos da Bahia".

Mas, voltando ao carnaval carioca, o tema fez sucesso não apenas no rancho de Jovino, sendo adotado por outros - como "A Flor da Jardineira", "As Filhas da Jardineira" "O Triunfo da Camélia" - que o tornaram muito conhecido ao final da primeira década do século. Essa popularidade estendia-se a vários estados, onde a música recebeu edições, conforme apurou Almirante em investigação que realizou para o seu programa "Curiosidades Musicais". Apareceu até um outro "adaptador" do tema, o velho Candinho, que Jota Efegê identificou como um tradicional folião carioca, ligado a diversos ranchos.

A Jardineira (marcha/carnaval, 1939) - Benedito Lacerda e Humberto Porto

Disco 78 rpm / Título: A jardineira / Autoria: Lacerda, Benedito, 1903-1958 (Compositor) / Porto, Humberto, 1929- (Compositor) / Orlando Silva (Intérprete) / Orquestra Victor Brasileira (Acompanhante) / Imprenta [S.l.]: Victor, 1938 / Nº Álbum 34386 / Lado B / Gênero: Marcha

----------C--------------------------- G7
Oh jardineira / Porque estás tão triste
--------------------------------C
Mas o que foi que te aconteceu? / Foi a camélia
-----------------G7----------------- F-------------------- C
Que caiu do galho / Deu dois suspiros / E depois morreu

F -------G7---- C ---F--- G7 ----C ----------------G7
Vem jardineira / Vem meu amor / Não fique triste
-----------------------C------------------------ G7
Que este mundo é todo teu / Tu és muito mais bonita
---------------------------C
Que a camélia que morreu ......



Fonte: A Canção no Tempo - Vol. 1 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34.

Almirante: Hino do Carnaval Brasileiro

Hino do Carnaval Brasileiro (marcha, 1939) - Lamartine Babo

Disco 78 rpm / Título da música: Hino do carnaval brasileiro / Autoria: Babo, Lamartine, 1904-1963 (Compositor) / Almirante, 1908-1980 (Intérprete) / Imprenta [S.l.]: Odeon, 1938 / Nº Álbum 11692 / Gênero: Marcha

D
Salve a morena!
                         A7
A cor morena do Brasil fagueiro
Em
Salve o pandeiro!
            A7                     D
Que desce o morro pra fazer a marcação
F#  G   F#  Bm
São são são são
           F#
Quinhentas mil morenas
G                D          A7
Louras, cor de laranja, cem mil
D      F#m7/5- B7
Salve! Sal.....ve!
Em7      A7     D
Meu carnaval Brasil!

Salve a lourinha!
                                 A7
Dos olhos verdes, cor das nossas matas
Em
Salve a mulata!
         A7                      D
Cor de café, a nossa grande produção
F#  G   F#  Bm
São são são são
           F#
Quinhentas mil morenas
G                D          A7
Louras, cor de laranja, cem mil
D      F#m7/5- B7
Salve! Sal.....ve!
Em7      A7     D
Meu carnaval Brasil!

Dalva de Oliveira: Estrela do Mar

Uma fábula de origem popular que explica o surgimento das estrelas-do-mar: um grãozinho de areia da praia se apaixona por uma estrela e nasce, mais tarde, a estrela-do-mar. A famosa lenda virou sucesso na voz de Dalva de Oliveira em 1951, quando gravou a marcha-rancho Estrela do Mar de Paulo Soledade e Marino Pinto: "Um pequenino grão de areia / Que era um pobre sonhador / Olhando o céu viu uma estrela / Imaginou coisas de amor... "

Estrela do mar (marcha-rancho, 1952) - Marino Pinto e Paulo Soledade - Intérprete: Dalva de Oliveira


Am                    Dm7 E7 Am                      A7   
Um pequenino grão de areia   / Que era um pobre sonhador
Dm7                     G7                          C   E7
Olhando o céu viu uma estrela / Imaginou coisas de amor
Am                   Dm7 E7 Am                A7
Passaram anos muitos anos / Ela no céu ele no mar
Dm7       A7           Dm7    E7                    Am
Dizem que nunca o pobrezinho / Pôde com ela se encontrar

   Dm7             G7             C7M              Am
Se houve ou se não houve / Alguma coisa entre eles dois
   Dm7            G7        C7M
Ninguém soube até hoje explicar
            Bm7/5-       E7            Am
          O que há de verdade é que depois
        F7            Dm7     E7       Am
Muito depois  /  Apareceu a estrela do mar

Helena de Lima: Estão Voltando as Flores

Helena de Lima
Apesar de ser uma marcha-rancho, “Estão Voltando as Flores” não foi feita para carnaval. Surgiu num momento de euforia de Paulo Soledade em dezembro de 1960, quando, após ter estado convalescente de uma cirurgia de alto risco, sentiu-se completamente recuperado.

Vinte e dois anos depois, em depoimento concedido ao Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro, Paulo afirmou: “Foi uma composição que fiz em quinze minutos, sem violão, sem nada, e que representa para todos que a ouvem um hino de recuperação.” Daí os versos e a melodia vibrantes, otimistas que na realidade eram dirigidos à sua mulher: “vê, estão voltando as flores / vê, nessa manhã tão linda / vê, como é bonita a vida / vê, há esperança ainda.”

Mas, como já acontecera a outras canções de sucesso, foi difícil encontrar quem quisesse gravá-la, “Não é comercial”, disseram diretores de gravadoras e cantores a quem a música foi mostrada. O curioso é que todos eram amigos do compositor. Por fim, já desanimado e disposto a bancar o disco, Paulo procurou mais um amigo, o Valtinho da Tonelux, na época dirigindo a gravadora Mocambo, que aceitou o projeto, desde que o autor providenciasse uma cantora sem contrato com outra empresa.

Então, indicada por Marino Pinto, Helena de Lima teve a primazia de lançar “Estão Voltando as Flores”, a melhor canção de Paulo Soledade, segundo ele mesmo (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Estão voltando as flores (marcha-rancho, 1962) - Paulo Soledade - Intérprete: Helena de Lima

Disco 78 rpm / Título da música: Estão voltando as flores / Paulo Soledade (Compositor) / Helena de Lima (Intérprete) / Gravadora: Mocambo / Ano: 1961 / Álbum: 15.339 / Lado A / Gênero musical: Marcha-rancho.

C                      Bb7   A7
Vê, estão voltando as flo....res
Dm                 Ab7    G7
Vê, nessa manhã tão lin....da
C7                F7M
Vê, como é bonita a vi.....da
D7               G7
Vê, há esperança ain......da

C                    Bb7      A7
Vê, as nuvens vão passan......do
Dm                  Ab7      G7
Vê, um novo céu se abrin......do
C7            F7M
Vê, o sol iluminan.....do

Dm        G7        C
Por onde nós vamos indo
Ab                   C7M
Por onde nós vamos indo.

Vocalistas Tropicais: Daqui Não Saio

Daqui Não Saio (marcha/carnaval, 1950) - Paquito e Romeu Gentil

Disco 78 rpm / Título: Daqui não saio / Autoria: Paquito (Compositor) / Gentil, Romeu (Compositor) / Vocalistas Tropicais (Intérprete) / Regional (Acompanhante) / Imprenta [S.l.]: Odeon, 30/09/1949 / Álbum 12963 / Lado A / Lanç.: 12/1949 / Gênero: Marcha



(Dm) ----------A7 ----------------------Dm
Daqui não saio / Daqui ninguém me tira. (bis)
-------Gm------------- Dm --------Gm ----------------------Dm
Onde é que eu vou morar / O senhor tem paciência de esperar
--------------------------A7-------------------------- Dm
Ainda mais com quatro filhos / Aonde é que vou parar (bis)

C7------------------------- C -------------------A7
Sei que o senhor tem razão / Pra querer a casa pra morar
-----------F----------------------- C7------------------- F
Mas aonde eu vou ficar / No mundo ninguém perde por esperar
---------------------A7 ---------------------Dm
Mas já dizem por aí / Que a vida vai melhorar

Francisco Alves: Dama das Camélias

Francisco Alves
Dama das Camélias (marcha/carnaval, 1940) - João de Barro e Alcir Pires Vermelho

Disco 78 rpm / Título: Dama das camélias / Autoria: Pires Vermelho, Alcyr, 1906-1994 (Compositor) / João de Barro, 1907-2006 (Compositor) / Francisco Alves (Intérprete) / Orquestra (Acomp.) / Gnattali, Radamés (Acomp.) / Imprenta [S.l.]: Columbia, 1939 / Álbum 55169 / Gênero: Marcha

(A)                 Dbm 
A sorrir você me apareceu
                           D
E as flores que você me deu
                            A  
Guardei no cofre da recordação
                      C
Porém depois você partiu
                        Em   
Prá muito longe e não voltou
                  F
E a saudade que ficou
                          E7   
Não quis abandonar meu coração
Am                 Dm
A minha vida se resume
     E7          Am  
Oh! Dama das Camélias
                      Dm
Em duas flores sem perfume
        E7         Am
Oh! Dama das Camélias.

Francisco Alves: Confete

Sucesso absoluto no carnaval de 1952, o último que Francisco Alves (foto) obteve na folia de Momo. Gravada na Odeon em 9 de novembro de 1951, com lançamento em janeiro de 52 (13211-A, matriz 9187), esta marchinha é na verdade apenas de Jota Júnior (Joaquim Antônio Candeias Júnior), que só deu parceria a David Nasser. Paraense de Belém, Jota Júnior foi para o Rio de janeiro aos 4 anos de idade e era coronel reformado (Samuel Machado Filho - YouTube).

Confete (marcha/carnaval, 1952) - David Nasser e Jota Júnior

Disco 78 rpm / Título: Confete / Autoria: Nasser, David, 1917-1980 (Compositor) / Jota Júnior (Compositor) / Francisco Alves (Intérprete) / Regional (Acompanhante) / Imprenta [S.l.]: Odeon, 09/11/1951 / Nº Álbum 13211-A / Gênero: Marcha



--------Am
Confete
-------------------E7
Pedacinho colorido de saudade
------------Am
Ai, ai, ai, ai,

-------Dm -------------------Am
Ao te ver na fantasia que usei

--------E7
Confete
--------------------Am
Confesso que chorei
-----G7
Chorei porque lembrei
------------C
Do carnaval que passou
-------B7 ----------------------E7
Daquela Colombina que comigo
Brincou

Dm---------- Am
Ai, ai, confete
--------E7--------------------- Am
Confesso o amor que se acabou

Carmen Costa: Cachaça

Carmen Costa
O sucesso de "Cachaça" no carnaval de 1953 ( "Você pensa que cachaça é água/ cachaça não é água não / cachaça nasce no alambique / e água vem do ribeirão") deflagrou um ciclo etílico de marchinhas que imperaria nos carnavais seguintes como "Saca-rolha" (54), "Ressaca" (55), "Turma do funil" (56). Com melodias parecidas, sempre no modo menor, mas gravadas com grande animação, três dessas marchinhas ("Cachaça", "Tem nego bebo aí" e "Turma do Funil") projetaram Mirabeau Pinheiro como compositor.

Cachaça (marcha/carnaval, 1953) - Marinósio Filho, Mirabeau Pinheiro, Lúcio de Castro e Héber Lobato - Intérpretes: Carmen Costa e Colé

Disco 78 rpm / Título da música: Cachaça / Lobato, Heber (Compositor) / Castro, Lúcio de (Compositor) / Pinheiro, Mirabeau (Compositor) / Marinósio Filho (Compositor) / Costa, Carmen, 1920-2007 (Intérprete) / Colé (Intérprete) / Coro (Acompanhante) / Orquestra (Acompanhante) / Imprenta [S.l.]: Copacabana, 1952 / Nº Álbum 5012 / Gênero musical: Marcha.


D              
você pensa que cachaça é água 
                    A7
Cachaça não é água não
Cachaça vem do alambique 
                   D
E água vem do ribeirão

                               Bm       Em    A7
Pode me faltar tudo na vida / Arroz, feijão e pão
                                                    D 
Pode me faltar manteiga / E tudo mais não faz falta não
                  D7                     G
Pode me faltar o amor / Disto até acho graça
                    D          A7           D
Só não quero que me falte /A danada da cachaça


A Canção no Tempo - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Vol. 1 - Editora 34

André Filho e Aurora Miranda: Cidade Maravilhosa


A própria introdução parece ter sido feita para preceder um hino, com as notas do acorde fundamental de um clarim. É um chamamento alegre, até imponente, porém sem a sisudez de uma marcha militar, o que não lhe tirou a vez de ser escolhida como hino oficial do Rio de Janeiro trinta anos depois de seu lançamento. Mas, "Cidade Maravilhosa" é também um dos hinos do carnaval brasileiro, cantado com muito empenho nos salões, pois, quando a fanfarra ataca a introdução, avisa a todos que o baile esta chegando ao fim.

No início da década de 1930, o Rio era embelezado com a estátua do Cristo Redentor e a modernização de vários trechos da cidade, criando maiores condições para deixar o turista maravilhado. Foi nesta ocasião que, motivado por uma promoção chamada Festa da Mocidade, em que se elegia a Rainha da Primavera, André Filho compôs "Cidade Maravilhosa".

O título reproduzia uma expressão consagrada pelo escritor Coelho Neto. Gravada em 04.09.34, a marcha teve como intérprete Aurora Miranda, acompanhada pelo autor. A escolha de Aurora, uma iniciante de dezenove anos, refletia de certo modo a tendência de romper com uma constante da época: a hegemonia masculina na gravação do repertório carnavalesco.

Já favorita do público, "Cidade Maravilhosa" foi inscrita no concurso de marchas para o carnaval de 35, obtendo somente o segundo lugar, resultado que indignou André Filho. O esquecimento total relegado à vencedora, "Coração Ingrato" (de Nássara e Frazão), provaria a injustiça do julgamento.

Evocativa na segunda parte, que retorna à primeira numa modulação singela, a composição é vibrante no refrão. Este não se repete de modo rigorosamente igual, seguindo, assim, um esquema próprio dos grandes compositores populares: na repetição, os compassos finais sofrem uma alteração melódica que induz a primeira parte do refrão a duas de suas funções primordiais, sejam elas, a preparação para a segunda parte e o encerramento.

Acusada por alguns de ter sido inspirada num trecho do 3° ato da ópera "La Bohème", de Puccini, "Cidade Maravilhosa" permanece no tempo, cantada por gerações sucessivas, já fazendo parte da memória musical brasileira como um dos seus clássicos mais conhecidos.

Cidade Maravilhosa (marcha/carnaval, 1934) - André Filho

Disco 78 rpm / Título da música: Cidade maravilhosa / Autoria: André Filho (Compositor) / André Filho (Intérprete) / Miranda, Aurora (Intérprete) / Orquestra Odeon (Acompanhante) / Imprenta [S.l.]: Odeon, 1934 / Nº Álbum 11154 / Gênero musical: Marcha

Tom: C
Introd.: C Bb A7 F F#o C D7 C Am Dm G7 C

C           Dm   G7
Cidade Maravilhosa
Dm   G7           C   F7
Cheia de encantos mil
Em     Ebo   Dm  A7
Cidade Maravilhosa
Dm         G7      C  G7
Coração do meu Brasil
C           Dm   G7
Cidade Maravilhosa
Dm   G7           C   C7
Cheia de encantos mil
Fm  Bb      C
Cidade Maravilhosa
G7                C
Coração do meu Brasil
C7  Fm  Bb7      C  Am
Cidade Maravilhosa
Dm         G7     C
Coração do meu Brasil
Cm                 D7         Ab7
Berço do Samba e das lindas canções
Dm        G7      Cm
Que vivem na alma da gente
Fm       G7                Cm
És o altar de nossos corações
Ab7       G7      C   G7
Que cantam alegremente


Fonte: A Canção no Tempo - Vol. 1 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34.

Emilinha Borba: Chiquita Bacana

A ideia de compor "Chiquita Bacana" partiu de João de Barro, que propôs a Alberto Ribeiro aproveitarem o existencialismo como motivo de uma marchinha. Na realidade, a ideia inspirava-se na imprensa da época que explorava com frequência o existencialismo - Sartre, Camus, Simone de Beauvoir e, principalmente, o lado não-científico do movimento, que abrangia os "existencialistas" boêmios, habitués das caves parisienses, seus costumes exóticos etc.

Naturalmente, o objetivo da dupla ao escrever a marchinha era fazer uma referência espirituosa ao assunto, para isso criando a figura de "Chiquita Bacana", beldade que "Se veste com uma casca de banana nanica". Sem dúvida, o comportamento da moça é inusitado, mas perfeitamente justificável, pois "Existencialista com toda razão" ela "Só faz o que manda o seu coração". Genolino Amado chegou a dizer numa crônica que esses versos eram a melhor definição do existencialismo que ele conhecia.

Emilinha Borba
Além de dar a Braguinha a vitória no carnaval pelo terceiro ano consecutivo, "Chiquita Bacana" tornou-se uma de suas composições mais conhecidas, batendo, inclusive, o recorde de alcance geográfico de sua obra: foi gravada nos Estados Unidos, Argentina, Itália, Holanda, Inglaterra e França, onde, com o título de "Chiquita madame de la Martinique", e com versos de Paul Misraki, integra as discografias de Josephine Baker e Ray Ventura.

Chiquita Bacana (marcha/carnaval, 1949) - João de Barro e Alberto Ribeiro

Disco 78 rpm / Título da música: Chiquita Bacana / Autoria: Ribeiro, Alberto, 1902-1971 (Compositor) / João de Barro, 1907-2006 (Compositor) / Emilinha Borba (Intérprete) / Regional (Acompanhante) / Imprenta [S.l.]: Continental, 1948 / Lançamento: 1949 / Lado A / Gênero: Marcha


  G                  Am
Chiquita bacana lá da Martinica   
   D7                   G
Se veste com casca de banana nanica
    Am     D7        G
Não usa vestido, não usa calção
   B7              Em
Inverno pra ela é pleno verão
   Am       D7        G
Existencialista com toda a razão
    E7        A7      D7
Só faz o que manda o seu coração


Fonte: A Canção no Tempo - Vol. 1 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34.

Jorge Goulart: Cabeleira do Zezé

Jorge Goulart
O uso masculino do cabelo comprido ainda não era de todo aceito no Brasil em 1964. Daí o surgimento de composições, como “Cabeleira do Zezé”, colocando em dúvida a masculinidade do usuário da nova moda. “Olha a cabeleira do Zezé / será que ele é... / será que ele é...”, dizia a marchinha, adiante arrematada com a repressiva sugestão, “corta o cabelo dele... / corta o cabelo dele...”

Mas logo mais, na segunda metade da década, estaria todo o mundo (principalmente a moçada da música popular) exibindo vastas cabeleiras, numa boa, livre de críticas ou preconceitos.

Especialista em marchinhas e vinhetas musicais para programas de televisão, João Roberto Kelly seria o último bom compositor a se dedicar à canção de carnaval tradicional sendo “Cabeleira do Zezé” lançada por Jorge Goulart, o seu abre-alas curando de uma numerosa série de sucessos carnavalescos (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Cabeleira do Zezé (marcha de carnaval, 1964) - João Roberto Kelly e Roberto Faissal - Intérprete: Jorge Goulart.

Disco 78 rpm / Título da música: Cabeleira do Zezé / João Roberto Kelly (Compositor) / Roberto Faissal (Compositor) / Jorge Goulart (Intérprete) / Gravadora: Mocambo / Ano: 1964 / Álbum: 15.544 / Gênero musical: Marcha.

D
Olha a cabeleira do Zezé.
              A7              D    A7
Será que ele é?  Será que ele é?
D
Olha a cabeleira do Zezé.
              A7              D    D7
Será que ele é?  Será que ele é?

   G                  D       F#7             Bm
Será que ele é bossa nova? Será que ele é Maomé
   A7               D        E7                     A7
Parece que é transviado. Mas isso eu não sei se ele é

 D              G
Corta o cabelo dele
 A7             D
Corta o cabelo dele

 D              G
Corta o cabelo dele
 A7             D   A7
Corta o cabelo dele

Carlos Galhardo: Boas Festas

Assis Valente
"Boas Festas" foi composta no Natal de 32 por um Assis Valente solitário e saudoso da família, no quarto onde então morava na Praia de Icaraí (Niterói). Lançada por Carlos Galhardo com grande sucesso um ano depois, logo se tornaria nossa canção natalina mais conhecida, uma das poucas no gênero que conseguiram sobreviver. Seu sucesso foi muito importante para Valente e Galhardo (que a regravou várias vezes), ambos em início de carreira à época do lançamento.

Boas Festas(marcha, 1933) - Assis Valente

Disco 78 rpm / Título da música: Boas Festas / Autoria: Valente, Assis (Compositor) / Galhardo, Carlos, 1913-1985 (Intérprete) / Diabos do Céu (Acompanhante) / Imprenta [S.l.]: Victor, 1933 / Nº Álbum 33723 / Lado A / Gênero musical: Marcha

A    D          A      Gb7
Anoiteceu, o sino gemeu
B7    E7         A     E7
A gente ficou feliz, a rezar
A   D            A        Gb7
Papai Noel, vê se você tem
B7      E7          A    (E) (E) (A)
A felicidade pra você me dar.

A
Eu pensei que todo mundo
             Cº   Bm  E7
Fosse filho de Papai Noel
                Bm
Vem assim, felicidade
                   E7
Eu pensei que fosse uma
                 A   (E) (E) (A)
Brincadeira de papel

      A
Já faz tempo que eu pedi
             Cº      Bm   E7
Mas o meu Papai Noel não vem
                 Bm
Com certeza já morreu
                E7
Ou então, felicidade

       (A)   (E)   (A)
É brinquedo que não tem.

Marchinhas Carnavalescas: Letras, Cifras e Músicas


Marchas carnavalescas - Letras, cifras e músicas















































Mais marchinhas nas páginas de João de Barro e Lamartine Babo.

Dalva de Oliveira: Bandeira Branca

A era da canção carnavalesca começa em 1917, com o samba “Pelo Telefone”, e termina em 1970 com a marcha-rancho “Bandeira Branca”. Depois desse ano, somente o samba-enredo faria sucesso, limitando-se o repertório tradicional a algumas marchinhas que são revividas pelas orquestras em meio aos bailes de carnaval.

Assim, “Bandeira Branca”, uma composição romântica, de melodia e versos tristes, tornou-se paradoxalmente o último clássico do repertório carnavalesco: “Bandeira branca, amor / não posso mais / pela saudade que me invade / eu peço paz...” Foi também o último sucesso de Dalva de Oliveira (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Bandeira Branca (marcha/carnaval, 1970) - Max Nunes e Laércio Alves - Interpretação: Dalva de Oliveira

LP Bandeira Branca / Título da música: Bandeira Branca / Max Nunes (Compositor) / Laércio Alves (Compositor) / Dalva de Oliveira (Intérprete) / Gravadora: Odeon / Ano: 1970 / Nº Álbum: MOFB 3628 / Lado A / Faixa 6 / Gênero musical: Marcha-rancho / Carnaval.


Em                             Am
Bandeira branca, amor /  Não posso mais
        Em              B7             Em
Pela saudade que me invade  / Eu peço paz

                Am            B7
Saudade mal de amor, de amor / Saudade
        Em                    Am
Dor que dói demais / Vem meu amor
           B7                 Em
Bandeira branca  /   Eu peço paz

Carlos Galhardo: Allah-La-Ô

A história de "Alá-lá-ô" começou no carnaval de 1940, quando um bloco do bairro da Gávea cantou nas ruas a marcha "Caravana", de autoria de seu patrono Haroldo Lobo, que tinha apenas estes versos: "Chegou, chegou a nossa caravana / viemos do deserto / sem pão e sem banana pra comer / o sol estava de amargar / queimava a nossa cara / fazia a gente suar".

Meses depois, preparando o repertório para o carnaval de 41, Haroldo pediu a Antônio Nássara para completar a composição. Achando a idéia (a caravana, o deserto, o calor...) bem melhor do que os versos, ele logo faria esta segunda parte: "Viemos do Egito / e muitas vezes nós tivemos que rezar / Alá, Alá, Alá, meu bom Alá / mande água pra Ioiô / mande água pra Iaiá / Alá, meu bom Alá".

Conta Nássara - em depoimento realizado para o Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro, em 1983 - que, quando Haroldo tomou conhecimento dos versos, com a palavra "Alá" repetida várias vezes, entusiasmou-se: "Mas que palavra você me arranjou, rapaz!". E ali, na hora, criou o refrão "Alá-lá-ô, ô-ô-ô ô-ô-ô / mas que calor, ô-ô-ô ô-ô-ô", ponto alto da composição.

Ainda no mesmo depoimento, Nássara ressalta a atuação de Pixinguinha, como arranjador, na gravação inicial: "Era a última sessão de gravação para o carnaval de 41. Se não fosse gravado naquela sessão, só sairia no ano seguinte. Então, corri à casa de Pixinguinha, na rua do Chichorro, no Catumbi. Era um sábado de verão e o maestro, cheio de serviço, estava trabalhando sem camisa, encharcado de suor. Mesmo assim, ele teve a boa vontade de dar prioridade à minha música, começando a fazer imediatamente o arranjo, que ficou uma beleza, com uns três ou quatro enxertos de sua autoria".

Além da criativa introdução, Pixinguinha soube vestir "Allah-lá-ô" com uma orquestração exemplar, em que mais uma vez utilizou o recurso da modulação na sessão instrumental, que começa e termina com duas brilhantes passagens, primeiro subindo a lá maior e depois retornando a sol maior, tonalidade do cantor. Em 1980, num artigo em Manchete, David Nasser declarou-se autor da letra de "Caravana", embrião de "Allah-la-ô".

Allah-la-ô (marcha/carnaval, 1941) - Haroldo Lobo e Nássara

Disco 78 rpm / Título da música: Alá-lá-ô / Autoria: Lobo, Haroldo (Compositor) / Nássara, 1910-1996 (Compositor) / Carlos Galhardo, 1913-1985 (Intérprete) / Orquestra (Acompanhante) / Imprenta [S.l.]: Victor, 1940 / Nº Álbum 34697 / Lado A / Gênero musical: Marcha


Tom: D
     
          A7                 D
Allah-la-ô,  ô ô ô,  ô ô ô ô
          A7               D
Mas que calor, ô ô ô,  ô ô ô    (bis)
       A7                    D
Atravessamos o deserto do Sahara
              A7                      D
O sol estava quente, queimou a nossa cara  (ESTRIB.)

  D7        G                  A7                       D
Viemos do Egito    /  e muitas vezes nós tivemos que rezar
                             A7
Allah-Allah-Allah, meu bom Allah
 D               A7       D                
Mande água pra Ioiô    / Mande água pra Iaiá
  A7              D
Allah, meu bom Allah


Fonte: A Canção no Tempo - Vol. 1 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34.

Ronnie Von: A Praça


A praça (marcha, 1967) - Carlos Imperial - Intérprete: Ronnie Von

LP Ronnie Von / Título da música: A praça / Carlos Imperial (Compositor) / Ronnie Von (Intérprete) / Gravadora: Polydor Ano: 1967 / Álbum: LPNG 44.005 / Lado A / Faixa 1 / Gênero musical: Marcha.


Tom: G  

Intro: G  Am  D   G   Am   D     G 

G            G#º        Am
Hoje eu acordei com saudades de você
    D                    G
Beijei aquela foto que você me ofertou
                G#º        Am
Sentei naquele banco da pracinha só porque
     D                      G
Foi lá que começou o nosso amor
   G               G#º         Am
Senti que os passarinhos todos me reconheceram
   D                    G
E eles entenderam toda minha solidão
                Em        Am
Ficaram tão tristonhos e até emudeceram
D                        G
Aí então eu fiz esta canção
                               Am
 A mesma praça, o mesmo banco
                   D                  G
 As mesmas flores, o mesmo jardim
                                 Am
 Tudo é igual, mas estou triste
                    D                   G   D
 Porque não tenho você perto de mim
   G          G#º        Am
Beijei aquela árvore tão linda onde eu
     D                   G
Com meu canivete um coração eu desenhei
            G#º        Am
Escrevi no coração meu nome junto ao seu
D                            G
Ser seu grande amor então jurei
                    G#º          Am
O guarda ainda é o mesmo que um dia me pegou
   D                  G
Roubando uma rosa amarela pra você
             G#º           Am
Ainda tem balanço, tem gangorra meu amor
   D                         G                         
Crianças que não param de correr
 A mesma praça...
  G           G#º        Am
Aquele bom velhinho pipoqueiro foi quem viu
 D                        G
Quando envergonhado de namoro eu lhe falei
           G#º        Am
Ainda é o mesmo sorveteiro que assistiu
 D                            G
Ao primeiro beijo que eu lhe dei
  G              G#º            Am
A gente vai crescendo, vai crescendo 
E o tempo passa
   D                     G              
E nunca esquece a felicidade que encontrou
                 G#º            Am
Sempre eu vou lembrar do nosso banco
Lá da praça
     D                      G
Foi lá que começou o nosso amor
 A mesma praça...

Ary Cordovil: Acorda Maria Bonita

Acorda Maria Bonita (baião, 1967) - Volta Seca (Antônio dos Santos) - Interpretação de Ary Cordovil


D              
Acorda Maria Bonita 
   D7                  G
Levanta vai fazer o café
    D              A7   
Que o dia já vem raiando
                        D
E a polícia já está de pé


A7                   D        A7            D
Se eu soubesse que chorando / Empato a tua viagem
A7                   D          A7               D
Meus olhos eram dois rios / Que não te davam passagem


A7               D           A7              D
Cabelos pretos anelados / Olhos castanhos delicados
A7                 D        A7               D
Quem não ama a cor morena / Morre cego e não vê nada

Joel e Gaúcho: Aurora


Na quarta-feira de cinzas de 1940, Roberto Roberti mostrou o estribilho de "Aurora" a Mário Lago, que completou a canção em seguida. Nasceu assim, com um ano de antecedência, um dos grandes sucessos do carnaval de 41.

O aspecto mais atraente desta marchinha - lançada por Joel e Gaúcho (foto acima) - está na segunda parte, em que novos valores são apresentados como símbolos de modernidade e status: "Um lindo apartamento / com porteiro e elevador / e ar refrigerado / para os dias de calor... ". Tudo isso e mais uma possibilidade de casamento ("madame antes do nome / você teria agora" ) é o que Aurora perde por não merecer o amor do protagonista.

Mesmo depois da morte de Gaúcho, Joel de Almeida, o magrinho elétrico, continuou cantando esta composição, uma das marcas registradas de seu repertório. Ainda em 1941, com letra em inglês de Harold Adamson, "Aurora" fez sucesso nos Estados Unidos e na Inglaterra, cantada pelas Andrew Sisters, sendo incluída no filme "Segure o Fantasma", de Abbott & Costello.

Aurora (marcha/carnaval) - 1941 - Mário Lago e Roberto Roberti

Disco 78 rpm / Título da música: Aurora / Autoria: Lago, Mário, 1911-2001 (Compositor) / Roberti, Roberto (Compositor) / Gaúcho (Intérprete) / Joel (Intérprete) / Orquestra Columbia (Acompanhante) / Imprenta [S.l.]: Columbia, 1940 / Nº Álbum 55250 / Lado A / Gênero musical: Marcha


C                                Dm
Se fosse sincera / Ô ô ô ô, Aurora
                     G7                 C
Veja só que bom que era / Ô ô ô ô , Aurora
            G7
Um lindo apartamento / Com porteiro e elevador
       C                                     Dm
E ar refrigerado / Para os dias de calor/ Madame
          C                 D7      G7       C
Antes do nome / Você teria agora/ Ôôôô  Aurora


Fonte: A Canção no Tempo - Vol. 1 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34.

Ângela Maria: A Lua é Camarada


A lua é camarada (marcha / carnaval, 1963) - Klecius Caldas e Armando Cavalcanti - Interpretação de Ângela Maria

LP Carnaval RCA 63 / Título da música: A lua é camarada / Armando Cavalcanti (Compositor) / Klecius Caldas (Compositor) / Ângela Maria (Intérprete) / Gravadora: RCA Victor / Ano: 1963 / Álbum: BBL 1218 / Lado A / Faixa 1 / Gênero musical: Marcha.


(Em)         Gb7    B7
A noite é linda
           Em
Nos braços teus
        B7
É cedo ainda
           Em
Pra dizer adeus

E
Vem,
                 Ab7
Não deixes pra depois, depois
 Dbm
Vem,
                     Ab7
Que a noite é de nós dois, nós dois
A    Bb°
Vem,
                 E        Db7
Que a lua é camarada
                     Gbm     B7
Em teus braços quero ver
        ( E )
O sol nascer.

Sílvio Caldas: Velho Realejo

Velho realejo (valsa, 1940) - Custódio Mesquita e Sadi Cabral

Disco 78 rpm / Título da música : Velho realejo / Autoria: Mesquita, Custódio, 1910-1945 (Compositor) / Cabral, Sadi (Compositor) / Sílvio Caldas (Intérprete) / Orquestra (Acompanhante) / Imprenta [S.l.]: Victor, 1940 / Nº Álbum 34583 / Lado B / Gênero musical: Valsa


Dm-------------------- E7 -------A7 ---------------Dm
Naquele bairro afasta - do / Onde em criança vivi - as
D7--------------- G7 --------C7 ----------F ---A7
A remoer melodias / De uma ternura sem par,
------Dm ------------E7 ---------A7 ----------Dm
Passava todas as tar - des / Um realejo risonho . . .
-------D7--------------- Gm ---Dm ----A7----- Dm
Passava como num sonho / O realejo a cantar . . .


------D ----G7 --------D---- G7 -----------D---------- D0------- A7
Depois ------tu partiste / ----- Ficou triste------- a rua deserta
------------Em------------ A7 --Em ---- ----A7 ----------------D
Na tarde------fria e calma / ---------Ouço ainda o realejo a tocar.


-----B7------- Em------------- Gm------- D
Ficou a saudade--------- comigo a morar
----------------------------A7
Tu cantas alegre e o realejo
------G---------- D ------A7----- D---- Gm---- D
Parece que chora com pena de ti.

Dalva de Oliveira e Francisco Alves: Valsa da Despedida

Valsa da despedida (valsa, 1941) - Robert Burns (versão: Alberto Ribeiro e João de Barro) - Interpretações de Francisco Alves e Dalva de Oliveira

Disco 78 rpm / Título da música: Valsa da despedida (Farewall waltz) / Ribeiro, Alberto, 1902-1971 (Compositor) / João de Barro, 1907-2006 (Compositor) / Burns, Robert (Compositor) / Oliveira, Dalva de (Intérprete) / Alves, Francisco, 1898-1952 (Intérprete) / Orquestra de Salão (Acompanhante) / Imprenta [S.l.]: Continental, 02/02/1941 / Nº Álbum: 15020 / Gênero musical: Valsa.


D     Bm      Em     A7
Adeus, amor, eu vou partir
D    D7     G    Ab0
Ouço ao longe um clarim
D        Bm  Em     A7
Mas onde eu for irei sentir
D        A7        D     A7
Os teus passos junto a mim

D       Bm      Em       A7
Estando em luta, estando a sós
D       A7  D   A7
Ouvirei a tua voz
D        Bm       Em    A7
A luz que brilha em teu olhar
D    D7    G    Ab0
A certeza me deu
D     Bm      Em    A7
De que ninguém pode afastar
D     A7     D     A7
O meu coração do teu
D      Bm     Em   A7
No céu na terra aonde for
D       A7     D
Viverá o nosso amor

Ângela Maria: Tardes de Lindoia

Tardes de Lindóia (valsa, 1930) - Zequinha de Abreu e Pinto Martins - Interpretação: Ângela Maria (Álbum "Angela De Todos Os Temas", Copacabana CLP-11600, 1970)


----A ----------E7----------- A
Tardes silenciosas de Lindóia
-------------------------- Bm---- Gb7
Quando o sol morre tristonho
-----Bm------------------------ E7
Tardes em que toda a natureza
----------------------------A------ E7
Veste-se de véu, e de sonho


-----A -----------E7-------------- A
Baixo os arvoredos murmurantes
-----Gb7--------------- Bm
Da tênue brisa a soprar
D----------- Eb°--------- A------ Gb7
Anjinho dos sonhos meus
--------------------B7-------------- E7------- A---- Db7
Não sabes tu como é sublime contigo sonhar
------Gbm------------------ Bm
Longe lá no horizonte calmo
-------------------------Db7
As nuvens se incendeiam
---------------------Gbm----- Db7
Num incêndio de luz
-----Gbm -------------------Db7
Vibra e se exalta minh’alma
--------------------------Gbm----- Db7
Na sensação que a seduz
Gbm------------------ Bm
Um plangente sino toca
----------------------------Db7
Chamando à prece a todos
--------------------------Gbm------ Gb7
Os que ainda sabem crer
-----------------------Bm
Então eu sonho e creio
---------------------Gbm
Beijar tua linda boca
---------------------Ab7- Db7- Gbm
Para acalmar o meu sofrer.

Deo: Súplica

O cantor Deo
Homem de intensa atividade na imprensa e no rádio paulistanos dos anos trinta, Otávio Gabus Mendes (pai do telenovelista Cassiano Gabus Mendes) ainda arranjou tempo para uma vitoriosa incursão na música popular, compondo com José Marcílio e o cantor Deo a valsa "Súplica".

Sem demérito para os parceiros, o ponto alto desta valsa é a letra de Gabus Mendes, que, além de muito bem construída, não possui rimas, uma característica incomum nas canções da época: "Aço frio de um punhal / foi teu adeus pra mim/ não crendo na verdade / implorei, pedi / as súplicas morreram sem eco, em vão / batendo nas paredes frias do apartamento...".

O curioso é que esse detalhe não é percebido pela maioria dos ouvintes, graças, talvez, à integração perfeita entre letra e melodia. Composta em 1938, "Súplica" permanecia inédita em disco quase dois anos depois, quando foi descoberta e gravada por Orlando Silva.

Súplica (valsa, 1940) - Octávio Gabus Mendes, José Marcílio e Déo

Disco 78 rpm / Título: Súplica / Autoria: Déo (Compositor) / Marcílio, José (Compositor) / Mendes, Otávio G (Compositor) / Silva, Orlando (Intérprete) / Orquestra (Acompanhante) / Imprenta [S.l.]: RCA Victor, 15/02/1940 / Álbum 34587 / Lado B / Lançamento: 04/1940 / Gênero: Valsa


Bm -----------------------------------Em
Aço frio de um punhal / Foi seu adeus para mim
-----------------------------------Bm--------- B7
Não crendo na verdade / Implorei, pedi
----------------------------------Em----- A7
As súplicas morreram / Sem eco, em vão
-----------------------D --------------Gb7
Batendo nas paredes frias do apartamento
Bm
Torpor tomou-me todo
------------------Em-------------- Gb7
E eu fiquei sem ser mais nada
---------------------Bm-------------- B7 ------Em
Envelhecido tenha / Talvez, quem sabe
------------------------Bm
Pela janela, aberta, a fria madrugada
-----------------------G7 ---------------Gb7---- Bm
Amortalhou-me a dor / Com o manto da garoa
----------Gb7------------------- Bm
Esperança morreste muito cedo
----------B7 -------------------Em
Saudade cedo demais chegaste
-----------------------------------------Bm
Uma quando chega / A outra sempre parte
-------Db7------------ G7--- Gb7
Chorar já lágrimas não tenho
-----------------------------Bm
Coração, porque é que tu não paras
---------B7-------------------- Em
As taças do meu sofrer findaste / É inútil prosseguir
-----------------------Bm
Se forças já não tenho
----------------------------------G7
Tu sabes bem que ela era minha vida
-----------------Gb7 -----Bm
Meu doce e grande amor.



Fonte: A Canção no Tempo - Vol. 1 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34.

Sílvio Caldas: Suburbana

Sílvio Caldas
Suburbana (valsa-canção, 1939) - Sílvio Caldas e Orestes Barbosa

Disco 78 rpm / Título da música: Suburbana / Autoria: Caldas, Silvio (Compositor) / Barbosa, Orestes (Compositor) / Caldas, Silvio (Intérprete) / Garoto, 1915-1955 (Acompanhante) / Regional (Acompanhante) / Imprenta [S.l.]: Columbia, 1937 / Nº Álbum 55002 / Lado B / Lançamento: 1938 / Gênero musical: Valsa canção


-------Dm----------------- Gm
Olhando o céu me demoro
---------A7------------------- Dm
Num verso triste é que choro
-------------Bb7----------- A7--- D7-- Gm-- Gm6--------- Dm
Ninguém vê o pranto meu /------- Há muita lágrima triste
----------------------------E7-------------- A7 --------D7 -----Gm
Que em seu sorriso consiste / Como o poeta escreveu

-----------Gm6-------- Dm--------------------- E7

Minha linda suburbana / Por trás da veneziana
-------------A7 ----------D7--- Gm----- Gm6-------- Dm
Vem sorrir nesta canção / Com teus lábios de doçuras
---------------------------E7-------- A7 ----------Dm----- D7
Que são tâmaras maduras / Da flora do coração

----Gm--- Gm6----- Dm----------------------- A7
Zona norte da cidade / Residência da saudade
---------------------------Dm--- D7-- Gm -----Gm6------- Dm
Onde nasceu o teu cantor / -------No teu cantor comovido
----------------------------Bb7 ------------------------A7-------- D7
Que sonha com teu vestido / Que morre por teu amor

-----Gm----- Gm6 ------Dm ---------------------------A7
Olho as estrelas cansadas / Que são lágrimas doiradas
----------------------Dm--- D7 ----Gm ---Gm6----- Dm
No lenço azul do céu /--------- Estrelas são reticências
----------------------E7
Estrelas são confidências
---------------A7 ---------Dm
Do meu romance e do teu